4 documentários muito bons para você assistir agora neste momento

Estamos em uma fase excelente dos documentários. Uma das melhores, diria. É sério. Não só em qualidade técnica e estética, mas nos temas escolhidos e na facilidade para vê-los.

Você pode assistir em casa, com uma assinatura acessível. Antes, só no pacote mais caro da TV a cabo com HBO, no VHS da professora no ensino fundamental ou algum cinema ou mostra que tomavam prejuízo pelo bem do audiovisual.

A internet também modificou as narrativas. A característica informativa dos docs ainda está presente, mas você não precisa mais de filmes enciclopédicos. É só um Google e você descobre quem criou o ponto-cruz, como vivem os gorilas, terceiro Reich ou ufologia (ou as duas coisas ao mesmo tempo).

Sinto que, agora, os filmes estão mais interessados nos defeitos e virtudes humanos. Você pensa que está assistindo sobre a floresta Amazônica mas, na verdade, embarca na inveja, ódio, esperança, ciúmes, vingança, teimosia, paranoia de alguém. O mais puro suco das boas histórias humanas!

Por isso, indico 4 docs recentes para assistir no streaming. Tem outra vantagem: todos têm 1h30, 1h40. 

Infelizmente, o algoritmo costuma escondê-los no meio de muita picaretagem, mas garanto que valem a pena. Minha única recomendação é separar um lencinho para dar uma choradinha.  

Se você for assistir ou já assistiu, sinta-se convidado a me escrever! 

Wildcat (Gato Selvagem)

Prime Video

Obra-prima! A sinopse é curta: um casal tenta devolver à natureza uma jaguatirica órfã na Amazônia. O protagonista é um ex-soldado britânico  chamado Harry Turner, que sofre com transtorno de estresse pós-traumático. 

Os dois se apegam, Harry e o gato. Mas o humano não é um herói perfeito nem uma vítima fácil, nem a jaguatirica um gatinho fofo (apesar de ser lindo, pode ser irritante).

Parece mais uma história ambiental, mas é muito, muito mais. É uma discussão sobre a mente humana que, na maior parte do tempo, é tão indomável quanto a de um bicho que precisa ser reabilitado. 

De alguma forma, a história não tem sentimentalismo barato e muitos temas. Há a guerra interna e externa do ser humano, tem a lindeza da natureza, a dificuldade de comunicação. Dá para ir encontrando vários textos por trás do texto. 

Vou adiantar: não tem sofrimento animal e não é Marley & Eu. Sei que bicho é um tema sensível para muita gente, então esse spoiler eu dou: você vai chorar, mas vai ser um bom sentimento, uma boa reflexão.  Vi duas vezes e  assistiria a uma terceira.

Trailer.

Fire of Love (Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft)

Disney+

Dois estudiosos de vulcões, os franceses Katia e Maurice Krafft, viajam pelo mundo para estudar e filmar vulcões. Quando percebem que as lindas erupções também matam milhares de pessoas, eles utilizam as viagens para alertar o mundo. É uma história de amor. 

“Se o Kubrick e o Wes Anderson tivessem um filho, seria esse documentário. Os personagens feitos pelo Wes a direção nas mãos do Stanley”, resumiu o caro @Don Velasquez no Twitter. A descrição é perfeita.

Fire of Love é uma história de amor entre duas pessoas obsessivas, bem-humoradas, aventureiras, que desejaram vivenciar o inexplicável e belo…. Como é o amor, dizem, e como são os vulcões. 

PS: A tradução em português brasileiro é um crime contra a humanidade. Não tem nada de tragédia. Também queria dizer que é um dos documentários mais esteticamente lindos que recordo ter visto na minha vida e vai ser difícil superar.

Trailer.

Good Night, Oppy (Boa Noite, Oppy)

Prime Video

A Nasa enviou dois robôs para Marte no começo dos anos 2000 chamados Opportunity e Spirit. Esperava-se que a missão tivesse 90 dias, mas durou mais de uma década. É um documentário lindo, lindo e comovente em um tema que, a princípio, parece batido. 

A diferença é a recriação dos passos dos dois robôs em solo marciano por meio de uma animação lindíssima. Nós também vemos os dramas da equipe na Terra, mas o principal são as intempéries dos dois robozinhos sozinhos em um lugar tão, tão distante. Eles incluem uma trilha sonora que, sim, vai fazer você chorar.

É como assistir uma versão real de Wall-E na vida real. Até onde me lembro, nunca assisti a um documentário que pudesse me conectar profundamente com robôs, que sempre são tratados como arautos do apocalipse humana. Por que não o vemos como criações fantásticas da nossa evolução e organização? Assista agora!

Trailer.

Val (Val)

Prime Video

Val Kilmer era um astro de Hollywood impressionante: você o odiava e gostava dele ao mesmo tempo. Foi o antagonista do primeiro Top Gun e interpretou o Jim Morrisson (ou seja, um cara muito gostoso e talentoso). Mas tudo muda quando um câncer nas cordas vocais acaba com a voz dele. Como ser um ator que não fala?

Entre as indicações anteriores, talvez seja o mais melancólico. Ele resiste, persiste em manter-se em pé, mas a vida dá dessas e parece acontecer especialmente com quem mais aparenta imortalidade. É um golpe ainda mais duro com um ator de cinema, que irá rever eternamente a própria imagem da juventude intacta.

O documentário é mais lindo com acesso a filmagens feitas pelo próprio Kilmer nos bastidores de filmes, o casamento, de uma morte em família. E ele não faz concessões baratas, nem apresenta a própria história como uma narrativa de superação. É dificílimo fazer uma autobiografia honesta - é possível? - mas minha sensação é que se aproxima de algo que parece genuíno.

PS: quem assistiu ao Top Gun novo vai ficar ainda mais emocionado com a participação do Val Kilmer na sequência.

Trailer.

Se você tiver uma recomendação nova ou antiga, me escreve aí! É só responder o e-mail.