Novo por aqui? Bem-vindo! A Desinteressante narra histórias reais de anônimos. Se você não é assinante, considere uma assinatura no botão abaixo. Já é? Se gostar, curta, comente e compartilhe. O goleiro lançou a bola até Pedro, que percebeu os zagueiros desprevenidos e tocou no Gabigol na entrada da área. Era final do primeiro tempo no Maracanã, onde jogavam Flamengo e América Mineiro. A partida não era importante, e quase nunca é. As finais de campeonato são eventos que parecem sempre distantes. As disputas no meio do caminho interferem na trajetória, claro, mas não condenam e nem enchem os grandes times do mesmo júbilo da conquista definitiva, quando são coroados pela regularidade, estratégia e um tanto de sorte. Para os torcedores, jogos assim são uma distração compulsiva e hipnótica, com acontecimentos simultâneos - as decisões técnicas, a arbitragem, a vida pessoal dos atletas, as lesões, as contratações - em que a convivência entre seres antagônicos e complementares parece nunca ser observado em totalidade, como assistir a um aquário grande e colorido. Gabigol cumpria os dois papéis: o protocolo e o espetáculo. Ele recebeu o passe próximo da pequena área, o goleiro adiantou-se o quanto pôde para fechar o ângulo, mas o chute foi rápido. O gol elevou os torcedores nas arquibancadas ao estado sublime do pertencimento, os interrompeu da monotonia dos dias trabalhados e recompensou o tempo investido em uma barganha com recompensas tão incertas como o futebol. O jogador foi rodeado e abraçado pelos colegas vestidos com o uniforme listrado em vermelho e preto, que logo iriam descer e subir dos vestiários para jogar o segundo tempo, intactos ou quase.
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Pantanal e a história nunca dita dos pilotos…
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