Um homem com rosto simétrico, os olhos castanhos muito escuros e as pernas alinhadas caminha com fones nos ouvidos e olha para os próprios braços com veias à mostra, os dois criados para distingui-lo do restante dos homens que passam por ele a caminho da Praça da República. Pela composição física, foi-lhe concedido o posto de “o aluno mais focado” de uma academia na avenida São João. O guarda encostado na viatura tem as características estereotipadas de um guarda: gordo, com bigode, um quepe na cabeça, os óculos escuros de grau, a ociosidade. Ele vigia a fonte da praça Júlio Mesquita, que continua sendo um monumento mas não é mais exatamente uma fonte. O trabalho é inútil, ou quase, pois um tapume foi instalado pela prefeitura para impedir os cracudos de tomarem banho, dormirem ou roubarem as lagostas de bronze esculpidas por Nicolina Vaz de Assis do Pinto do Couto que, no passado, existiu até deixar de existir como todos os ainda vivos ao redor da obra irão um dia.
A crônica retrata muito bem o ambiente que a cidade de encontra nos últimos anos... parabéns pelo texto reflexivo.